A demarcação da língua portuguesa do latim que se falava no nosso país, é atestada num documento pertencente ao espólio do Mosteiro do S. Cristóvão de Rio Tinto. O primeiro documento oficial redigido em português trata-se do testamento de D. Afonso II, em 1214, mas através do estudo e consulta do espólio do mosteiro, que se encontra na Torre do Tombo, a Professora Ana Maria Martins, linguista da Faculdade de letras da Universidade de Lisboa, pôde constatar que este documento, datado de 1175 e cujo conteúdo corresponde às dívidas de um nobre de nome Paio Soares Romeu, é o mais antigo escrito em português, de que se tenha conhecimento até então. A “Notícia de Fiadores” corresponde a um diploma, cujo documento principal é a doação do pai de Paio Soares Romeu, Soeiro Pais, à sua esposa, Urraca Mendes, correspondente “… a herdades, a títulos de arras, datada de 1146.”
Este documento contém quatro elementos, registados dois no anverso e dois no verso do pergaminho. No anverso, lê-se o registo de uma carta de doação de arras feita por Soeiro Pais a Urraca Mendes, em 1146, e a notícia dos fiadores do seu segundo filho, Paio Soares Romeu, dos senhores de Paiva, datada de 1175, com registo invertido relativamente ao primeiro documento. No verso, encontram-se registadas duas notas de despesa, uma por Pedro Pais e outra por Pedro Parada, que embora sem data, poderão ser do ano de 1175 ou anteriores. Por esta razão a Notícia de fiadores é considerado um dos documentos originais mais antigos que se conhece, datado e escrito em português.
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