O documento deste mês de agosto foi cedido ao Arquivo Municipal pelo Arquiteto Mário Marques e ilustra bem os tempos quentes que se viveram logo após o 25 de Abril. Tratou-se de um período em que todos queriam sair à rua, participar e dar opinião. Em Fânzeres foi eleita uma comissão de moradores e fundado o Centro Cultural e Social, que acabou por gerar conflito e promover a divisão da freguesia.
De acordo com a monografia da Vila de Fânzeres, a comissão de moradores decidiu ocupar a antiga casa paroquial, que estava vazia, e transformá-la num centro, com posto escolar, posto médico e infantário. No entanto, o que estava previsto pela paróquia era a demolição da casa e a construção de um parque automóvel. Aqui começou o confronto entre as partes…
A certa altura começou a ser espalhada a ideia de que os membros da comissão eram todos comunistas, o que levou ao agravar da situação, que teve o seu culminar com o abate, por parte do Centro, de três laranjeiras no quintal atrás da casa, para aí construir um parque infantil. Tudo isto numa altura em que o pároco tentava reaver a casa e aí instalar aulas de catequese.
No domingo, dia 19 de outubro de 1975, após a missa, um grupo de pessoas invadiu as instalações do Centro Cultural e Social de Fânzeres e destruiu tudo o que se encontrava no seu interior, tendo em seguida deitado fogo ao prédio, do qual apenas restaram as paredes.
Os ânimos ficaram então exaltados em Fânzeres, com uma parte da população a apoiar o pároco, e outra parte do lado da comissão de moradores.
Este foi apenas um dos muitos acontecimentos, que um pouco por todo o país (Gondomar não foi exceção), tornaram o verão de 1975 mais quente do que habitual, num período que só acalmou com o 25 de novembro do mesmo ano.
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